Maria Mulher

Maria Mulher

Eu sou a Maria Mulher

Não a das Dores, das Graças,

Somente esta Maria, qualquer

Nem do Socorro, do Aceno, nem Escandalosa

Sou a Maria Mulher, aquela que sabe o que quer

Sem malícia, sem fortuna, sem ninguém, só ser Mulher...

Não mais fico acenando, da janela

Fico sozinha, comigo, sem mais espera

Nem quero mais ter sonhos em vão

Quero apenas sentir ainda meu coração

Mas, sendo Maria ainda, quero na minha vida

Um pouco mais da beleza, sem tanta solidão...

Renunciei às Marias, aquelas que criei um dia

Elas são ainda as minhas preferidas, queridas

Que, no auge da criação, trouxe-as assim para vida

Para, reunidas como irmãs. apoiarem-se embriagadas

Nos fios que o destino as uniu com emoção

Mas a Maria Mulher sou eu, centro da vida do coração...

Sou das Marias, a mais generosa d' alma

Ofertando sempre amor sem limites, calma

Quando tudo está indo a pique, afundando

Sou a Maria Serena, sem ter vida, mas muita pena

Sou a Maria Mulher, aquela pro que der e vier

Maria quiçá das quimeras, dos sonhos, da primavera...

Maria Morena, Faladeira, Geringonça, já eram

Nem da Conceição, de Lourdes, das Dores, Aparecida

Nem a Maria Morena, que acenava, que dava pena

Marias existem às toneladas, até a Maria Safada

Mas a Maria Mulher, como estou agora, triste, calada

Sou a que ainda existe, a Maria do quase nada...

Todas as Marias que existem por aí

Todas aquelas que eu conheci

São as Therezas, as Belezas que vi

São tão lindas, tão verdadeiras

São exemplos da vida inteira

Maria Madalena, serena

Maria assim vale a pena...

Marias são sempre lembradas

São as Marias das beiras de estradas

Marias das altas madrugadas

Mas a Maria Mulher, como ela é

É fruta adocicada

É a Maria Caramelada

É, de todas a mais amada...

Myriam Peres

Myriam Peres
Enviado por Myriam Peres em 26/02/2007
Código do texto: T394587