LÁGRIMA CADENTE
Por muitas noites, escondi o meu grito
Debaixo das estrelas do firmamento,
E ainda hoje, mudo, solitário e aflito,
Guardo-o no porão do pensamento!
Grito de liberdade, de transformação,
Que, desde a primeira luz do dia,
Quer sair do coração,
Quer ser independente,
E, no voo livre e infinito da alegria,
Quer levar de mim a lágrima cadente,
E colocar no abismo dessa ausência
Todo o ardor,
Toda a ventura,
Todo o amor,
Toda a ternura...
Restituindo, num ato de benevolência,
Toda a inspiração que me fugiu à mente,
E todo o azul que sumiu do céu da minha existência!