Poesia
Quando o homem abre o olho
E começa a enxergar,
Qualquer brilho lhe ofusca,
Mas continua a olhar.
Quando começa a andar
Passos desequilibrados,
Pode até perder o rumo,
Mas segue seu caminhado.
Quando começa a falar
Fonemas desencontrados,
Pode até não ter o sentido,
Mas sente que é escutado.
Quando se joga no barro,
Lambuza piso e parede,
Não é artista nem nada,
É pra saciar a sede.
E quando pensa que é gente,
Que anda com suas pernas,
Aí fica diferente:
Sua poesia hiberna.
Quando não quer perder tempo,
Exige o troco de tudo,
Fala pelos cotovelos,
E começa a ficar surdo.
Quando desenha o mundo
Pensando só no seu ego,
Não é artista, nem homem,
Nem visionário, nem cego.
Não há homem sem o outro.
Não há noite sem o dia.
Não há desejo sem sonho.
Não há nada sem poesia.
do livro Fadas Guerreiras, LGE Editora, 2ª Edição.