Primavera

Há dias de primavera

Mesmo em meio ao outono.

Dias em que o sorriso brota solto

No canto dos lábios.

Mesmo que não percebamos.

Dias em que cantamos junto à música.

Bem baixinho.

Mal movendo a boca.

E quando vemos, estão nos olhando,

Como se fôssemos palhaços sem pintura.

Coisa boa de ser sentida

Quando a alma não sente dores!

Quando Deus nos olha mais a fundo

E resolve dar-nos um “bom dia!”...

Há dias que o respirar fica mais brando

A pele mais brilhante

E os pensamentos mais flutuantes.

Isso nos renova as forças

E nos faz querer ficar,

Mesmo debaixo de chuva.

Então, enchemos os pulmões,

Com todo o oxigênio próximo,

E damos aquela gargalhada gostosa

Que contagia quem quer que ouça.

Pulmão cheio, gargalhada dada...

Deixamos os monstros debaixo da cama.

E até ousamos

A sair de chinelo de dedo

Quando a ocasião pede salto agulha.

Criamos coragem.

Sentimo-nos donos de nós mesmos.

Sem receio das críticas bestas

Que pessoas pequenas o fazem.

Com o intuito de nos minar a alma.

Há dias em que o sol brilha

Mesmo num finzinho de tarde

Depois de um dia cheio de chuva fina.

E é bom demais vê-lo vindo

Dar-nos “oi!”.

Faz com que queiramos continuar

A saltitar a amarelinha da vida,

Mesmo que tenhamos nos esquecido das regras do jogo.

Mesmo que estejamos com dores nas juntas.

Mesmo que tenhamos uns oitenta e poucos anos.

E para abrilhantar mais, à noitinha,

Surge a lua linda a nosso deleite.

Ilumina nosso caminhar noturno,

Para enxerguemos os obstáculos.

E assim vamos levando.

Com sorrisos gostosos, em dias de primavera d’alma.

E também com alguns chuviscos lacrimais,

Só para variar um pouquinho.

Só para lavar-nos das poeiras postas

(e impostas)

Por aquelas pessoas pequenas

Que só nos lembram

Quando somos meramente interessantes.

E de gente assim... Aff!

Só Deus para suportar

Com toda sua sabedoria divina!...

E por não possuir divindade quase nenhuma,

Vou seguindo, tropeçando,

E rindo dos dedos cortados

Pelas “topadas” dadas.

Vou buscando acertar.

Vou querendo continuar

Porque as manhãs primaveris surgem.

Quase sempre depois de um inverno rigoroso.

Onde a gente prefere encobrir a cabeça e os pés

Com cobertores grossos e quentinhos.

E elas, as primaveras, surgem belas.

Prontas a colorir a vida.

Prontas a perfumar o caminho

E a deixar flores,

Onde normalmente há espinhos...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 28/04/2013
Código do texto: T4263293
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