A HORA DA POESIA
Eu escrevo o que o instante me fala
Em tom de canto de sereia,
Encanto de serena atriz!
Eu escrevo o que o amor não cala
Enquanto, no dilema, o meu ser titubeia
Entre ser ou não ser feliz!
Quando o verso enfim floresce,
Toda a minha vida se refaz,
Toda a minha morte desfalece
E essa hora exala o aroma puro da paz!
A minha alma toda clareia
E jorra das minhas fontes
Como jorra a água do chafariz!
E é na liberdade desse alumbramento
Sem limites, sem horizontes,
Em que o verso enfim acontece,
Que a poesia me presenteia
Com o aroma estreme do momento
Em que eu escrevo o que ela diz
Aos ouvidos do meu sentimento!