O Bicho
Negro como a escuridão,
Tem asa que nem inseto...
Veloz como um furacão!
É o bicho lá do teto...
Chega devagar e sorrateiro...
Uma presença, sem percepção...
Dorme às vezes o dia inteiro...
Quando acorda é aquela apreensão!
Fica a vagar... Perambulando...
Sem destino, sem razão...
Não está a ninguém incomodando,
Mas é incomodado com obstinação!
Uma tenta com o chinelo!
Outra tenta com o rodo!
Grita, corre, puxa,... Paralelos,
Matar o bicho vale mais que ouro!
O bicho foge rápido e temente...
Lá pro meio da pelúcia;
Tremendo com o seu fim iminente:
- Pense num bicho cheio de astúcia!
E a noite vai passando...
E o problema sem solução;
De camisola vou me deitando...
Dando brecha para uma nova ação!
Barata, lagartixa, escorpião!
Ninguém sabia qual era o modelo...
Só tenho medo de uma nova aparição...
Já estou tendo até pesadelo!
Dessa noite agitada...
Não me esquecerei daquele inquieto...
Deu-me uma canseira danada!
Aquele bicho lá do teto!
Carmo de Oliveira