Ressaca (Ode ao Traçado)
Na suave melancolia
Berço triste
Dedo em riste
Aprazível abadia
Tudo se desfez
Mas se recompôs
Tenha compostura
Vire no copo
Faça a mistura
Gosto frenético
Fundem-se os sabores
Agradáveis
Fluem os líquidos
A sedução dos amores
Torna-se viagem
Aos domínios dos sentidos
Bebe-se o líquido
A ardência se espalha
Contamina, embriaga
Vê-se a luz que se aproxima
Transparente menina
Visão descarnada
Serena, turvada
Deixa-se levar
Vai-se
Volta-se
E se acorda de ressaca.
CARLOS CRUZ - 1988