QUARENTA ANOS

Quando eu tiver quarenta anos,

já não serei este menino e os vícios da juventude

me terão corroído com dores e danos.

Quando eu tiver quarenta anos,

talvez mamãe me dedique seu orgulho,

ao contar às amigas do “filho doutorando”.

Quando eu tiver quarenta anos,

quiçá, traíra de minha palavra e pelo tempo,

casado esteja, com aqueles bebês, os quais jamais quis:

trocando fraldas, dando banhos, lavando louças,

fazendo compras - com à patroa – e tantos, tantos planos?

Quando eu tiver quarenta anos,

De repente eu compre um carro zero,

cobertura, casa de praia

e num canto da sala, aquele piano!

Ou seja mais um nas filas do SUS,

anotando loterias de sorte,

ou alguma fortuna às traças de defensores estatais

e esperançosos juízos, aguardando.

Quando eu tiver quarenta anos,

e lá estiver encostado,

com o laudo encaminhado ao INSS,

meus bigodes amarelados de cigarros...

Eu na tal perícia, sequelando.

Isso,

se eu tiver quarenta anos!