Júbilo pré-datado

Me pego às vezes, lembrando o futuro

A ternura porvir, e o carinho que darei;

Me fica tão claro isso que está escuro,

Que já ouço tua risada feliz, eu te juro,

a piada sem graça que inda não contei...

O toque terno explorando teus anseios,

E a descoberta do fogo atritando peles;

testemunho hirto dos teus lindos seios,

e, os ora, vazios, transbordando cheios,

solidão dolorosa vertida, em idos, reles...

Lembro como se hoje teus olhos verdes,

Como vendo distante sorrindo discretos;

Depois de nossa loucura entre, paredes,

dados, os devidos tratos às nossas sedes,

Precedem a essa lassidão olhando o teto...

Lembro a felicidade, como se, hoje fosse,

E sorrio sentindo alegria inda pré-datada;

Se, simples esperança, não seria tão doce,

certeza segura que um passarinho trouxe,

que a amargura de agora, será adoçada...