Casa de poesia
Criei uns versos marmota
de um lar que não existia.
Um prospecto de casa torta,
carente de benfeitoria.
A porta de entrada era estreita
e era bastante inclinada,
mas nunca estava fechada
nem nunca fazia desfeita.
Na sala uma linda cascata
serenava meus pensamentos.
Na copa, copinhos de lata
e armários sem mantimentos.
No banheiro, um velho ofurô,
escassa era a água que tinha.
um banho com meu amor
era tudo imaginação minha.
Um quarto, uma alcova, um segredo
da casa que não existia.
Dormir e acordar cedo
era um doce viver de alegria.
O projeto da casa torta,
da casa que não existia
não era uma coisa morta,
era um encanto de poesia.
Que linda era aquela casa!
Sonhava quem lá dormia,
e a felicidade acordava
na casa de poesia.