PEQUENAS MORTES
Ignoro ao mundo abraçando ao tédio,
E olhando torto para as tentativas de eternidade.
Ser eterno cansa e causa controvérsias
Num tempo de tolos e palhaços deslumbrados.
Por isso morrer é mais honesto.
Suja menos e não desgasta a alma.
Apenas deixo a musculatura se retirar dos ossos
como um poema ruim em estrofe mal ajambrada.
A culpa pertence a quem melhor se dá com dores.
Eu tenho apenas indiferença e cinismo.
Se a noite o véu do silêncio me cobrir,
Verá que o dia me foi apenas indolência.
Nada se transforma nem evolui.
Estar entre os vivos foi apenas perda de tempo.
E essa foi apensa uma pequena morte cínica
Das tantas que tenho ao longo do dia.