Desejo mesmo de mudar

Como é bom poder ler teus versos

manter uma sintonia fina

com teus poemas

aliar nossas rimas

nossos universos paralelos

colocar no prelo novas parcerias

e em pauta uma boa prosa

ociosa e serena

retomar o velho tema

trocar textos/ ouvir um rock

seu toque

bem cedo

contigo improvisar rimas tensas

de fruta de chuva de nuvem e tempestade

viajar na dualidade das palavras

lavar a alma

em paz

começar bem o dia

Como é bom poder atirar flashes

jogar uns confetes por aí

entra em transe

ler o poema-purpurina

vestir-se de carnaval

e fazer umas rimas

de leve

versos sobre versos

daquela poesia faceira

tocar a pele dela como um sopro

mirar o riso

brisa/ chuva para aliviar deserto...

por pra fora o incerto

e navegar

se preciso

sem rumo/ sem prumo/ sem bússola

ou ancorar no porto

fazer amor

sem pressa

deixar o tempo passar

na rede

num balanço de mar

Como é bom poder trocar as cores tensas

por novas estampas

o cinza pelo vermelho vibrante

tudo diverso de ontem...

sinal de mudança

achar saídas

curar feridas

desfazer as tramas

alegrar dramas

cortar os cabelos

lembra do poeta Alceu Valença

e a sua tesoura do desejo

“desejo mesmo de mudar”

encontrar com tempo

conversar ao vento

jeans chinelo e camiseta

pisar no chão/ praia-areia

tirar os arreios dos anseios

aquietar tudo no poema