O meu céu
O teu céu, Senhor,
Feito de azul e claridade,
De bem-aventurança eterna
(Que minha boca se cale
Sem ferir Tua bondade)
Mas num céu assim,
Como Senhor se externa,
Nada ha que bem me fale!
O me céu, Senhor?
Ai! O meu céu!
É boquinha a escorrer leite,
Me sorrindo satisfeita!
È o ressonar tranqüilo
Do filho que se deita!
É a chegada do marido,
A partida para a escola!
O céu é o mundo corrido
Do dia-a-dia de agora!
É a revoada dos filhos,
Partindo para o amor!
E este amor se renova
Em outro amor
Filho em flor!
O meu céu, Senhor?
Ai! O meu céu!
É a cadeira de balanço
Balançando de mansinho!
É o fio de lã se enrolando,
Em camadas de arminho,
Minha mãe tricotando
O casaco do netinho!
O céu é o sorriso dos seus olhos,
As veias de suas mãos.
Se Tu tiveres lá em cima
Um céu assim como o meu,
Então a gente se anima
Pelo muito que viveu!
Mas não te esqueças dos filhos,
Do marido, do pai velhinho.
Da cadeira de balanço,
Balançando de mansinho!