A MINHA RAZÃO DE SER

A minha razão de ser é legítima é muito minha,

Vim ao mundo porque o destino assim o quis,

Meu desígnio foi construir património familiar.

Para o meu nome defender e assim eternizar.

Cumpri o meu dever de cidadão, de filho e pai,

Criei família, a maior riqueza que eu ambicionei,

Ergui a pulso tudo o que tenho e tive que perdi,

Resta-me a dignidade e meu nome que defendi.

As ambições são como cinzas que se espalham,

Pelo chão que pisamos com receio de queimar

A palma dos pés que arrastamos, tão cansados

Que nos sentimos duma vida intensa afastados.

A minha razão de ser subsiste, enquanto eu viver,

Terei de usar de toda a sabedoria para não perder

O comboio da vida que acelerou, sem descarrilar,

Seria o fim dum sonho que construí por eu gostar.

A minha razão de ser é diferente, é muito especial,

Tem o selo de garantia que me projectou no futuro,

Permitindo a construção do meu vasto património,

Que acabou por se perder nas mãos do demónio.

Já não posso retroceder e fazer tudo bem diferente,

O que fiz, bem ou mal, fiz com muito gosto e prazer,

Pena tenho não haver ninguém que esteja presente

Para perpetuar o que de valioso não deverá morrer.

Ruy Serrano - 04.07.2020

Ruy Serrano
Enviado por Ruy Serrano em 04/07/2020
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