JÁ FUI ASSIM...

Hoje sou passado.
E isso que ficou em mim
pelo carimbo dos dias sem fim.

Moldou o que hoje sou.
Nasci do meu próprio barro.
Que se verte em lama,
quando apago a minha chama.

Sou aquele que viu o sol nascer
e o poente matar o nascente
no anteparo da janela do próprio
amargor latente!

Não espero mais por um amor
eterno
pois somente é infinito
aquele que vimemos no agora
pois esse instante
uma vez que passe
é para sempre.

Deixei de lado todos os anseios
e que venha as guerras
e as pandemias
com sua heras megeras
não quero o fim do mundo
nem mudar o contexto
quero apenas escrever um poema,
compor um verso
dançar uma valsa
e findar um texto.

Limitei-me ao meu contorno
e daí veio o mundo todo
querendo saber
de onde vem tudo isso?

Vem do meu largar
o anseio
soltando tudo o que me prendia
pois hoje apenas paro
olho
penso
e sigo
como aquele que observa
a chegada do trem
na linha do seu repouso.

Deixando de buscar
de querer
de lutar contra
o ir e vir de qualquer oceano
fiquei livre e sou
como um pássaro
sem medos
sem rumos
e sem dono.