E entrei no me baú
junto com minha felicidade
jogando fora a chave.

E lá,
tinha tudo
que minha barriga podia comer
e minha sede podia beber.

Não havia hora para nada
nem ninguém para me encher.

Até que ouvi risos
lá fora e,
pelo buraco da fechadura
vi pessoas indo e vindo
em vidas apressadas.

E me esqueci como era o toque
de outra pessoa
e jogar conversa fora
a noite toda.

Com o tempo veio uma agonia
e uma vontade de sair,
mas não tinha mais
a chave para poder fugir.

E vi o tempo passar
e o baú envelhecer
até que meu corpo
cansado
dos milênios ali
dentro
deixou a alma
pairando no ar.

Saindo do baú
que era apenas
uma velharia roída
vi outras almas
sorridentes de mim.

E ainda não
sentia o toque,
o beijo,
o abraço,
mas pude ouvir os
risos
e apreciar o som das vozes
e um dia o baú
virou pó,
mas minha felicidade
junto comigo
voa agora pelo espaço...