E me vi,
conduzido para fora de mim,
naquele lapso entre a realidade e o sonho,
aonde os castelos se sustentam no ar
e o piso é feito de nuvens,
diante de enorme porta feita de madeira
tendo incrustadas
a ouro
maçanetas ovais.

Da altura de um prédio de dois andares
estava eu minúsculo,
ante tal oponência.

E então,
em letras prateadas
desenhou-se
no ar o enigma:
Portal do Fim do Mundo!

Não sei se deveria atravessar
empurrando com a força que tivesse
aquelas duas estruturas gigantescas.

Fiquei então ali,
reparando na imensidão daquele
belíssimo lugar.

Haviam árvores de frutos desconhecidos
com doce sabor e
riachos cristalinos
ora verdes
ora azuis.

E o céu,
em sua beleza estonteante
mudava de tons de azul
indo do celeste
ao anil
sem nuvens
sem sol
sem lua
sem noite.

Quando cansado,
dormia na relva
macia que me
afagava como
a mão de mãe.

E então,
em um dia
sendo que
somente havia luz,
trombetas soaram.

As portas se abriram
e vi o nosso planeta
vibrando
no espaço.

Tremeu todo
como se fosse
um sino
sendo
chamado.

Daí,
o mundo girou sobre
si mesmo
e do azul
passou ao prateado.

As portas se fecharam
e prossegui ali,
solitário
no meu
Éden iluminado...