Se me perguntarem o segredo de voar...
Eu, que não tenho asas,
que por vezes me exaspero
e digo,
sincero,
tudo o que não quero.

Se questionarem como faço para ver,
de perto,
as estrelas,
ou como faço para planar
sobre as ondas
mansas
ou brutas
dos oceanos...

Sairá de mim um silêncio
repleto de enigmas.

Se tivesse em mãos esse segredo
quantos não o quereriam,
que assédios
não sofreria?

Ah, se pudesse,
ou soubesse,
para ser sincero
partilhar dessa mágica,
quão feliz seríamos.
Não é mesmo?

Mas não sei.
E pergunto se um pássaro o sabe!
Apenas saio de mim
e vou por aí
ora alto
ora baixo
ora com medo de bater nos fios
nas galhas
ora rápido de esfriar as ventas
ora lento e calmo
como uma nuvem
que não sabe de si.

E assim vou
de voo em voo
para além de mim...