NUMA TARDE PRIMAVERIL
Numa tarde primaveril
Em que o sol a cobriu
Você foi meu maior presente.
Mesmo não pessoalmente
Não estávamos afastados
E sim, entrelaçados
Por nossas correspondências.
Havia nelas essências
Das flores mais majestosas,
Tal o olor de jasmins e rosas,
Perfumavam aquela tarde
E que já deixou saudade
Dos seus ares de poesia
Que nas palavras, reluzia,
Parecia ter tom sonoro.
Mundo que também exploro
Fez-se essa geografia
Com pingos de filosofia;
Às asas da imaginação
Trouxe a nós emoção
Falamos de alguns feitos,
Também de alguns defeitos
Como diante de um espelho
Houve até bom conselho
Também boas gargalhadas
Diante de trapalhadas
Que fugia ao formal
Tudo ali foi bem normal
Numa mera descontração
O racional e abstração
Misturados e envolvidos,
Separados mas unidos
Em linhas de ternos versos
Eram ali dois universos
Opostos se contemplavam,
Parecia se completavam
Em oculta excitação
Num pulsar de coração
Naquela tarde já finda
O ocaso a fez mais linda
Os pássaros esvoaçaram
Em voo sublime cantaram
E músicas soaram ao vento
Brilho em cada momento
E aquela tarde passava
A noite enfim chegava
Nuvens traziam cheiro de brisa
Em um sinal que "avisa"
Mas antes o céu sorriu
E um novo astro surgiu
O sol ia e a lua vinha
Reinando ainda sozinha
Até o céu ser pontilhado
Brilhoso e embelezado
Era hora de ir embora,
Quiçá em alguma aurora
Ou em outra tarde bonita
Tudo então se repita
Mar encontre águas do rio
N'outra tarde, primaveril.