SORRIR
SORRIR
Andando a passear pela rua
Vi uma criança que chorava,
Estava seminua
Um estado de fraqueza aparentava.
Estendi-lhe a minha mão
Pareceu-me vê-la sorrir
E, abrindo seu coração,
Disse que, comigo, queria ir.
Perguntei-lhe qual a razão
Daquele seu chorar,
Olhou-me cheia de emoção
E disse:
“Ninguém me quer amar”.
Afaguei suavemente sua mão,
Notei que começava a sorrir,
Abrindo de novo seu coração
Disse que comigo queria ir,
Encostou sua face à minha
E, por entre sussurros e ais,
Disse-me que vivia sozinha,
Com fome, sem saber dos pais.
Acariciei a sua mão
Vi um brilho a desflorar
Cravou o olhar no chão
E disse:
“Tu me queres amar?”
Fazia frio mas senti calor
Demos as mãos e lado a lado
Nos pusemos a caminhar
Compreendi que bastava amor
Para um petiz abandonado
Poder voltar a sonhar.
Notou, em mim, inquietação
Pediu que não a abandonasse
Apertei a sua mão
E pedi-lhe que não chorasse
Olhou-me a sorrir
Tinha um sorriso de encantar
Perguntei se comigo queria ir,
Sentia-me feliz:
“Eu tinha alguém a quem amar”
FrancisFerreira