Incerteza Feliz

Ato de pensar,

Leva a inexistir,

A proposta de um futuro.

Ao carregar,

Dores de um passado,

Claramente obscuro.

Por querer insistir,

Sensações de um eu,

O próprio não é mais seu.

Eis que triste lacrimeja,

Com esforço eu rasuro,

Não serve restaurado.

Não consegue mas almeja,

Um logo de novo reformado,

A felicidade que um dia se foi,

Noutro se sacia, e vem embora.

O que é o depois,

De certo está incerto,

No canto de um muro,

Eis a escolha de conjuro.

O mesmo vento que demora,

Promete chuva e vira aurora

Pode levar tudo que o encontra,

Mas o ar que fica se inova.

Sei de sua presença,

Tento respirar ela,

Não quero mais ser eu,

O meu próprio sentinela.

Não a enxerga,

Também não te procura

Sempre está em nossa volta,

Quando pegar em sua mão,

Segura firme, não solta.

Desista de se torturar,

Sem alento de loucura.

Busca insana querer ser,

O momento de um estar.

Perto ou longe, continua

Outrora torna aparecer,

Selada em linha tênue,

Se verdadeira se desnuda.

Tento viver sem ti,

Engana-te que és

Ou não, ou pode ser,

Permanece mesmo aqui?

Outra vez, mas talvez muda!