Capitães da areia

Desbravadores do mundo doce da adolescência,

sempre em bandos descobrindo o bom da vida,

logo cedo gritaria pelas ruas da cidade baiana rumo ao gostoso banho de rio pra lavar a alma,

no futebol a emoção, a alegria, as brigas, depois a resenha tomando tubaína resultado das vitórias,

caçar nas matas de chinelos havainas ou de sandálias de couro velhos costurados por pregos era um luxo, o importante era a vibração sentida pelos bravos caçadores de lagartos, macacos, mocos, jaguatiricas, etc.

Mata a dentro gritaria, tiros pro alto, bermudas rasgadas nos arames farpados, fazendeiros revoltados, na correria até os cachorros rebolavam desviando dos espinhos e das balas, as sacolas cheias de frutas, milhos, e queijos eram o prazer de mais uma aventura bem vivida pelos meninos travessos da terra abençoada na Bahia,

rio a dentro pescar, mergulhar mais de um minuto e pular do barco ou das copas das árvores era o desafio que enchia o peito de orgulho,

a noite no forró pé de serra a poeira cantava escondendo cada copo de cachaça virado pela molecada, entre uma dança e outra, um gole e umas boas risadas a noite sempre clareava para alguns da lábia mais afiada, corações saudáveis, amores curtos e sem fôlego,

sem tempo para morrer os capitães de areia faziam o milagre da bagaceira de transformar um dia de 24 horas em um dia de 48 horas bem curtido, bem desmantelado e com o privilégio de jamais poder ser esquecido.

Ricardoversos
Enviado por Ricardoversos em 31/07/2022
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