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29 DE NOVEMBRO DE 2007

UM HOMEM VELHO, UM CHAPÉU, UM TERNO BRANCO, UM VIOLÃO,UMA PÁ DE CAL ... UMA RECORDAÇÃO

Por que hoje você apenas não fingiu?
Por que hoje pra mim você não sorriu?
Por que não olhas pra mim?
Não falei contigo essa semana.
Por que teu corpo calor não emana?
Estás tão séria .
Estás tão calada sua tagarela.
Quantas vezes briguei contigo por horas ao celular comigo querer ficar.
Hoje estou aqui ao teu lado, sua danadinha e comigo não quer falar.
Quantas vezes do teu abraço,brincando me esquivei.
Hoje aqui ao teu lado teu abraço não ganharei, eu sei!
Mulher , mãe , sobre tudo Avó.
Assim foi
1923 de Algarves partiu no ventre da minha vó.
1924 em 8 de Setembro minha vó te pariu,
aqui no Brasil.
A sexta entre os irmãos.
Neste mesmo ano orfão ficou.
Há pouco saída das entranhas,
numa terra nova e estranha.
Sua infância foi de sacrifício.
Criada as duras penas pelos irmãos,
que cedo os viu partir.
Ainda na sua juventude.
Nas suas letras nenhumas foi sábia.
Na vida uma guerreira.
No seu coração o amor.
Na sua mente as vezes se fazia infantil.
Como lembro!
Como lembro!
Eu num chiqueirinho azul,
você entre o tanque e o fogão jacaré a querozene
de uma boca.
Com que carinho de mim tratou.
Eu ainda criança com varíola.
Como lembro do quarto de isolamento
e a improvisada assepsia
para a vigilância sanitária não me levar.
De 10 em 10 minutos lá estava você ao meu lado.
Com suas toalhinhas fervidas
ao meu corpinho passar.
Nas suas letras nenhumas abssorvir as minhas pokas letras.

Mesmo sem falar eu sei que muitas vezes desejou.

Perdoa-me quando pra ti não sorri.

Perdoa-me quando não te abracei.

Perdoa-me quando pra ti emudeci.

Hoje queria fazer tudo isso como resposta.
Mas Deus assim não o quis.

Vá com Deus

Minha mãe.
Me espere breve eu ai estarei a faze-la companhia.
Boa Viagem com certeza é o que lhe deseja,

Filhos

Netos

Sobrinhos

e amigos.

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LEMBRANÇAS de
Deolinda da Silva Trigueiros

Cemitério do Marui

Niterói

Túmulo 986

11:00 hs

30 de Novembro de 2007.