Bolero Alecrim

Azul parafuso bailando no céu amarelo,

Felizmente perplexo, um girassol em chamas,

Aproveito o dia, com tangerinas saltitantes,

A sopa de borboletas na colher dança.

Alegria despedaçada, cacos de riso voando,

O relógio derretido, tempo sem contorno,

Faço uma careta com a lua na boca,

As nuvens se abraçam, em desatino profundo.

Cactos cantarolam melodias aladas,

Os rios dançam no compasso do acaso,

Solfejos caóticos nas folhas ao vento,

A felicidade pulsa no absurdo abraço.

Aproveitar o dia é quebrar todas as regras,

Saltar nas poças de sorrisos derramados,

Voar sem asas em sonhos coloridos,

No caos encontrar o sentido inventado.

Se a felicidade se esconde nas entranhas do absurdo,

Desvendemos seu mistério no jogo sem sentido,

Cada passo, uma risada desgovernada,

Na alegria dadaísta, o dia é sempre bem-vindo.