As coisas simples e misteriosas da Vida

Nas coisas simples, o encanto se esconde

Na humilde flor que no jardim responde

À chuva que cai, ao sopro expirado do vento,

Tudo murcha e tudo se renova a cada momento.

A mesa posta, tanto coração e o pão à mão,

A família unida no silêncio da comunhão

São bênçãos e desafios que a vida nos oferece,

E nelas descortinamos um Sol, uma prece.

A pele marcada pelo tempo que vive a correr,

Histórias esculpidas, cada ruga a escrever

Uma nova cicatriz, que é uma página sentida

Na epopeia da vida, esta eira tão vasta e linda.

Chove rios de pureza no doce riso das crianças

No olhar dos idosos, o cajado da temperança.

Cada estação é uma floresta a ser percorrida,

Cada momento é uma pérola preciosa, escondida.

O sereno que cai mansinho, na rua a refrescar,

O cheiro da terra molhada, o céu a rir e a brilhar.

Nas flores que desabrocham, no jardim a brotar,

A vida renova-se, pois é um novo ciclo a aflorar.

Na solidão da noite, a lua me segue a contemplar,

As estrelas que piscam alto são lágrimas a brilhar.

E na quietude dessas horas, deito na relva a meditar

Acerca dos mistérios da vida, que nunca vou decifrar.

Esta misteriosa vida é um breve e um longo rio

Entre pedras, curvas e correntezas que vêm e vão;

E em cada margem há um sonho e um aceso pavio,

Pois cada alma, neste rio, canta a sua própria canção.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 01/11/2023
Reeditado em 01/11/2023
Código do texto: T7921982
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