Sonhos

SONHOS

Quantas vezes, acordados,

Damos connosco a sonhar,

Uns têm sonhos encantados,

Outros, sonhos de encantar.

Mulheres de grande beleza,

Sempre prontas a amar,

Outros, muito ouro e riqueza,

Verdadeiros tesouros de pasmar.

Nunca tais sonhos vivi,

Sonhar não me era permitido,

E Só mais tarde me meti

Nesse mundo do desconhecido.

É verdade, arrisquei sonhar,

Sonhar que podia ser feliz,

Andei de sonho em sonho a saltar,

A Fazer tudo o que sempre quis.

Fiz tudo o que sempre quis,

Acabei por ter quase nada,

Continuava o percurso infeliz

Direito ao fim da minha estrada.

Mas! De repente, muda-se a vida,

Sinto uma força que me guia,

É uma força segura e decidida.

E eis que do escuro se faz dia.

Na vida volto a acreditar,

Não entendo o que se passa,

Dou comigo a sonhar,

Sonho que alguém me abraça.

Devo de estar a enlouquecer,

Talvez seja este meu fim,

Provavelmente, ao morrer,

Todos nos sentimos assim.

Apalpo-me! Belisco-me! Não,

Eu não estou a morrer.

Mas se não morro, o que é então?

Ah! É uma figura de mulher.

FrancisFerreira