POBRES MENINAS

( Para todas as meninas da noite que habitaram, na minha terra , a minha juventude)

Pobres meninas, que caminham

Sorrindo da vida, embaixo da chuva,

Sonhando com o sol que se esconde no fundo do céu

Fugindo do mundo, montado em uma nuvem.

Pobres meninas que sonham alegres,

Sorrindo, para a vida, que nem começou.

Pobres meninas tão brancas, tão alvas,

Que parecem bonecas fugidas do sonho

Que nem mesmo sonharam.

Pobres meninas, tão novas, tão lindas,

Que embalam ilusões de paixões tão febris

Sem saberem, ao menos, o que é o amor.

Pobres meninas-mulheres que não foram crianças

Que não tiveram brinquedos,

que já nasceram, atiradas na luta da vida.

Pobres meninas-mulheres que não brincaram de mancha,

Que não pularam sapata,

Que não fizeram ciranda e

Que a branca de neve esqueceu de dizer-lhes

Que o reino encantado existe, de fato, tão perto daqui.

Pobres meninas - mulheres crianças

Que trazem em seus rostos a triste amargura

De uma vida tão longa recém começada...

E, tão perto do fim!

INEQUAÇÃO ( 11.08.75)

ERNER MACHADO
Enviado por ERNER MACHADO em 10/05/2024
Código do texto: T8060071
Classificação de conteúdo: seguro