Irmão, amigo
Senta aqui, a meu lado
Conta tua verdade, tua mentira, teu fardo
Sente que meu coração a bater
Encontra o teu, que cansou de sofrer
Olhemos o céu de estrelas a brilhar
Povoemos o chão de sementes, plantar
Dê-me sua mão e quieto a escutar
O rugir dos ventos em força soprar
Não lute, não tema, não fuja
Escuta o gorgolear, a noite, da coruja
Sente na alma imensa Paz
Que a certeza do amor a surgir sempre traz
Sossega, criança, aqui no regaço
Entrega, sem medo, do peito o cansaço
Suspira, deita e descansa
E segue tranquilo da Vida, a dança
O passado confuso, tenaz, esqueça
A ternura que envolve teu andar não esmoreça
A tudo que tens, por hoje agradeça
E põe no colo do Criador a cabeça
É Ele quem tira, perdoa e ama
É Ele que, onipresente, nos chama
Por ti vela, caprichoso o sono
E deixa dua alma em doce abandono.