Vejo Você

Te vejo envolto em brumas

muito hostis e pesadas

nem sei como tu aprumas

com tantas indesejadas.

Percorres entre espinhos

que te ferem os pés

perdidos no caminho

presos em mil viés.

Tua noite escura

da alma amargurada

faz-se mais insegura

sente-se vilipendiada.

Levanta a cabeça

e te assenta

ainda que entardeça

o que tu lamenta!

Veja que as criaturas

estão em seus labores

às vezes em alturas

nem atentam

pra todos os dissabores.

De poetas imcompreendidos

que tem a sina marcada

às vezes mesmo exauridos

não fogem da caminhada.

De todos os que te acolhem

recebas flores em buquê de amor

venha poetar aos que te querem

na riqueza do teu interior.

Perdoa aos que te ferem

e deixa que a centelha divina

que habita o teu coração

te conduza por entre os álamos

que balançam suas folhas

ao sabor de qualquer vento

e ainda assim se mantém serenos

cumprindo a sublime missão

de impregnarem a natureza

com visões de rara beleza.

A voce meu amigo

que te sentes excluido

por assim te colocarem,

não percas a esperança

de um dia reconhecerem

que apenas foste vítima

de conflitos em que a crença

de que nada representavas

cegou as criaturas

naquele instante.

Cruel momento em que

igual pássaro ferido

te sentiste em desprestígio

e com certeza chorastes

as lágrimas do ofendido.

Mas há de chegar o momento

em que o fio da meada recomposto

há de mostrar a verdade nua e crua

e tudo será dissolvido

assim como as águas do rio

quando encontram o mar,

se diluem formando

uma imensidão única.

Os seres também se degladiam

como instrumentos que são

na escola da vida se penitenciam

até tornarem-se irmãos.

E assim na evolução da humanidade

seres caminham entre perdas e ganhos

no aprendizado da sólida fraternidade.

E apenas aqueles que trazem no coração

fincada a bandeira da paz e do amor

se entregam com toda bravura à missão.

Que tu sejas um mensageiro da paz

desfraldada a bandeira da união,

hasteada do fundo de tudo o que és capaz.

Mostra a tua verve, sábio menestrel

não te esqueças que hoje pode ser o ultimo dia,

venha logo, traga o teu farnel!

Dedico estas simples palavras

ao amigo poeta Jorge Linhaça

para que não perca a fé no amanhã,

e nem a esperança de fazer de cada dia

um poema de paz,

uma prosa de alegria,

um céu de poesia.

Santos, SP

16/03/06

11:00 hs

Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 16/03/2006
Reeditado em 27/03/2006
Código do texto: T124080
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