Filigranas

(Ao amigo poeta meus agradecimentos pelo lindo presente)

Era de manhã,

A brisa leve tocou meu rosto

Com a suavidade orvalhada das flores

Senti o som discreto de uma voz

Se entremeando a todos os meus sonhos

E aos apelos de uma enorme saudade.

Abri os olhos indecisa

Olhei meu rosto no espelho

Não havia ali os rastros de tristeza

A teimosa lágrima já secara.

Eu estava só naquele recanto

Olhando outros quintais

Outras auroras.

Toda a doçura do perdão.

Ouvi meu nome,

Ouvi um eco.

Ouvi os passos de um passante.

Sorri, cantei, dancei, vivi

O melhor de todos os momentos

Vi mil centelhas prateando minha vida

Cintilantes lampejos de alegria

Um vibrante alumbramento

Um vendaval

Rodopiando em minha mente...

Sorri mil vezes, sorri, sorri

De minha janela olhei para o céu

Para o sol

Para aquela nesga de luz

Que se infiltrava em minha alma

E me encontrei sozinha, ali

Desenhando filigranas na lembrança...

Como uma criança que encontra o seu tesouro,

Entrevi minha vida girando no universo

Senti o universo girando dentro de mim.

E me senti feliz.