CASA DO BARULHO

Uma torcida que está sempre a gritar
torcendo para ver uma bola entrar,
que o piso da sala chega a tremer.
Enquanto a turminha mais se anima
eu aqui no canto procurando uma rima,
para a poesia, continuar a escrever.

Mesmo se isolando ao lado da janela
ainda ouço as brigas dessa novela,
que tira também a minha concentração.
E por isso que não sai uma bela poesia
escrever com toda essa gritaria,
sei por que escreve bonito o ermitão.

Grito, não peço um, mas mil favores
o que dirão os meus nobres eleitores,
a quem toda a minha popularidade devo?
Se nesse momento a luz acabasse
seria certo que esse bando me cercasse,
só para ver as besteiras que escrevo.

Como uma poesia nessa casa montar
com bebezinho chorando pra mamar,
mas com todas grudadas na televisão?
Se tivesse a sorte de algum brasileiro
nessas horas, fugiria para um chiqueiro,
para escrever poesias, com luz de lampião.
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 09/04/2009
Código do texto: T1530684
Classificação de conteúdo: seguro