Até Onde Cabe a Mim?
 
O ser humano não parece interessado
em evoluir espiritualmente, de fato,
a tudo dissimula.
O mundo é um verdadeiro
rosário de conveniências,
é um confuso emaranhado de justificativas.
Ao menos a história recente demonstra
a evolução científica estar 
à frente da expansão da consciência.
Materialmente o homem
parece ter conseguido evoluir
mais intensamente que espiritualmente.
Existe uma perigosa interação
entre o primitivismo do instinto
com alta tecnologia de destruição.
Na sua obstinada realização
das vontades do ego o homem
não percebe o seu tolo suicídio.
Fala-se de Deus,
mas pouco segue-se das suas revelações,
tudo é superficial e vazio.
Levianamente despreza-se a busca da verdade,
priorizando-se a instituição religiosa.
As religiões sobrevivem na encenação dos ritos,
mas distância-se da alma dos fiéis.
As religiões tomam Deus para seus interesses,
o comercializam como um produto .
Seja o pecado, seja a culpa,
seja o arrependimento,
tudo acaba como mera mercadoria.
Faltam idéias libertas
dos artifícios das conveniências humanas,
tudo fica distorcido,
até onde por ignorância ou má fé?
Em seu profundo egocentrismo
o homem tem certezas injustificáveis.
De fato está perdido
e na busca de um paraíso ilusório.
Em verdade, pouco a pouco
cria o alicerce para um inferno real.
E tudo isso parece claro demais
para não ser visto,
e mesmo assim tudo é acomodado.
É assustadora a lentidão da boa vontade
e a rapidez com que se perverte tudo que é bom.
E talvez por isso, ante a constatação do mundo
e de minha impotência de fazer alguma coisa,
que fico em silêncio me torturando
em tentar entender se odeio intensamente
ou se amo demais.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 19/06/2009
Reeditado em 19/06/2009
Código do texto: T1656694
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