Amor de amigo (amor que descansa)!
Ainda que a distância exista...
Ainda que o tempo desmanche...
Ainda que as faces mudem
e que os cabelos clareiem...
Ainda que fiquemos enrugados e rudes
ou mais tristes
ou menos ousados...
Ainda que nada mude, ou tudo mude...
Ainda que a pureza se esconda
num recanto misterioso da alma,
Que percamos a ternura...
Que desabemos no tempo...
Ainda que os sonhos pulverizem,
e que os ideais sucumbam....
Ainda que desapareça nossa simplicidade
(por onde andará nossa simplicidade juvenil?)
e nos tornemos tediosos eruditos do nada, mas sem grandes vôos...
Ainda que percebamos que não mudamos o mundo, nem mesmo o nosso pequeno mundo...
Ainda que ainda esperemos que nossos filhos sejam o que ainda nao fomos,
e façam o que não fizemos...
Todos estes valores, ou não-valores, se perdem quando eu revejo um amigo.
Tudo volta, tudo desperta.
Não renasce, pois nunca morreu...
Reencontrar um amigo é reencontrar meus sonhos
meus delírios,
minhas loucuras,
meus ideais...
Por isso, ao rever um amigo,
nada, mas absolutamente nada, impedirá voltarmos no tempo.
É como se o ultimo encontro tivesse visto ontem (e talvez tenha sido)!
Eis talvez nossa grande e mais saborosa vitoria,
amar o amigo ainda que de longe, ainda que santo, ainda que pecador...
Basta reve-lo e tudo aflora, religa, renasce, recomeça exatamente de onde parou,
ou mesmo de onde nunca parou...
Amor de amigo é assim, nao acaba nem apaga, apenas descansa para nao ser atrapalhado pelo tédio que o tempo nos trás !!!!!!!!