A Morte do Sonho

Vou pegar nas tuas poucas palavras, naquelas a que ainda tenho acesso e escrever mais um poema, mais uma história, mais um fragmento de mim...

E se tu dizes...

“A Morte de um sonho é tão triste e dolorosa como a própria morte, merece por isso o respeito e o luto daqueles que a sofrem”

Eu respondo...

Não é sonho que morre

É a vontade que se apaga

O carinho que diminui

A saudade que fica mais fraca

A esperança que perde o brilho

São os braços que se encurtam

Ou a distância que aumenta

É o sorriso que diminui

Ou a lua que o escurece

Não é o sonho que morre

É a mágoa que se instala

A tristeza que devora

Que consome o peito

Como um vírus

Que ninguém controla

Mas que enfraquece

O coração de quem sente

A profunda desilusão

De perder um Amigo

Não é o sonho que morre

É o desentendimento que floresce

E o conto de outrora

Vira uma bruxaria difusa

Que nada acrescenta de novo

E ninguém percebe

Que o desejo era bem diferente

Era retomar um tempo

Em que a Vida era diferente

Talvez nem fosse o Amor

Era viver novamente a realidade

A que um dia perdi na amargura

De outro sonho morto

Não é o sonho que morre

São os ideais que se desvanecem

Em doces fragmentos de flores

Que pincelam o meu céu

De mil e uma cores

E eu que um dia acreditei

Que voltaria a ser normal

Perdi a ilusão

Porque com um pontapé

Fui remetida as masmorras

Do que vivi outrora

Não é o sonho que morre

Era a oportunidade de conviver

De conhecer coisas novas

Era essa a esperança que depositei em ti

E jogaste fora

Talvez tivesse querido o beijo

Não negaria o abraço

Mas principalmente pediria

Para viver novamente

Para me sentir viva

E jovem novamente

Não é o sonho que morre

Foste tu que nunca percebeste

E quem sabe jamais alcances

Que o mais importante de tudo

Foi o tudo que nunca tivemos

E se este poema é confusa

Junta-lhe o absurdo

E pensa com desalento

Que te vingaste do passado

Contra quem não merecia

Não é o sonho que morre

É o julgamento que se faz

E eu não sou advogada

Não acuso, nem defendo

Sou apenas mais um elemento

Que assiste na bancada

Que faz parte

Mas não sabe aonde

Um puzzle que por deficiência

Nasceu incompleto

Não é o sonho que morre

Fomos nós que perdemos

Eu a companhia e o convívio

Tu a alma de poeta

O carinho dos espinhos

Que por magia e ternura

Se devolvem ao amanhecer

Ou em cada luar

Que a alvorada seduz

Como uma estrela

Que o tempo custa a apagar

Não é o sonho que morre

Somos nós que encetamos

Um caminho perigoso

E no labirinto da vida

Perdeste a noção do risco

E afogaste a tristeza

Nas lanças da minha Vida

Não é o sonho que morre

São os anjos que abençoam

As borboletas que voam

As tulipas que perdem a cor

As palavras que deixam de fazer sentido

São as ternuras que se esquecem

O pôr-do-sol que entristece

O coração que fica frio

Não é o sonho que morre

Mas somos nós que com ele

Perdemos a oportunidade

De sorrir e de fazer frente

Às rasteiras da vida

E ao infinito que nos foge

Por isso te digo só mais esta vez

Não é o sonho que morre

Sonya
Enviado por Sonya em 23/09/2006
Reeditado em 30/07/2008
Código do texto: T247357
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