Éter rubro

não minto nem sinto:

escrevo.

há razão para tal?

se há ou talvez mesquinhez

do poeta: palavra!

labirinto da memória

visão casual ou destaque

não ter asas não me pesa

anjos não me vêm ao nascimento diário

punheto o verso durante a madrugada

para aplacar a fome pseudofurto fodo fácil

fótons humilde fraco sobre frascos pútridos

ejaculo: letras minhas em rebanho estrangulam

o papel. escrevo não pelo nobel

ou por querer ser noel, não,

não há razão oh hímen eterno!

sou fulano escondido na frente

do palco sem pano chamado título

mistura de mimese rapsódia e sentir.

o mentiroso aqui é você,

leitor foca, que fez sem faca dessa gagueira

um texto com intenção.

sou vinho

e este: minha garrafa de

anarco/lutos.

Ao amigo Raul Furiatti, companheiro de letras e hospício.