NA BEIRA DO CAMINHO.

Manoel Lúcio de Medeiros.

Na beira do caminho me assentei sobre restolhos,

Desiludida de uma vida de problemas, baixei os olhos!

Eu precisava sair de dentro de mim, não tinha uma luz,

Cansada, fatigante, não suportava do lenho, a minha cruz!

Procurei amigos que por ali passavam no caminho,

Os que me viam, fugiam!E eu ao léu do frio, sem o linho,

Cansava os braços de tanto estender, sem entender,

Porque ninguém, na minha angústia, se importava!

Curvei a cabeça, e aos poucos chorava, soluçava,

Os queixumes da minha vida de ilusão!

Os marcos da calúnia e da maldade,

Ferraram, diluíram o meu pobre coração!

Ninguém me deu a mão, eu que tanto estendi os braços,

Sem esperança curvei minha cabeça e lamentei,

Que vida egoísta dos quem passam,

Sem olhar-me, eu que tanto lhes clamei!

Exaurida chorava! Só as pedras ouviam minha voz!

Em vão era clamar, gritar, do meu abismo,

Onde só, cercada pela dor e ceticismo,

Sofria a angústia do meu destino algoz!

Cabisbaixa, com as lágrimas na face,

Um pássaro contemplava minha pobre solidão!

E, cantando ao meu lado uma bela melodia,

Foi como se o dia me estende-se a sua mão!

Chorava, mas este pássaro chegou perto de mim,

Aquela música levantou minha alto-estima,

No momento em que uma nuvem me cobriu,

Enchendo-me de força, dei uma volta por cima!

E um sorriso dos meus lábios se abriu!

Um vento manso e suave veio do norte,

Soprou o meu corpo, tirando todo o meu calor,

Naquele momento, eu notei que não estava sozinha,

A natureza, minha vizinha, me confortou!

Na beira do caminho encontrei amigos sem palavras,

Que me falaram sem escrever ao coração!

O pássaro com sua linda melodia, do vento, a harmonia,

Da nuvem, a sombra fria, estendeu-me a mão!

Na beira do caminho encontrei guarida, e dulçor,

Amigos transeuntes, estes nunca têm amor!

O pássaro e o vento, e a nuvem me amaram!

Deram-me vida, que amigos, sim negaram!

Na beira do caminho encontrei conforto,

Na beira do caminho, encontrei a Paz!

Na beira do caminha, o ceticismo jaz!

Na beira do caminho, sozinha, jamais!

Na beira do caminho, um passarinho,

Ensinou-me uma canção, uma melodia,

Sozinho, podemos cantar nossa dor e ser feliz!

Direitoa autorais reservados.

Malume
Enviado por Malume em 14/10/2006
Reeditado em 19/10/2006
Código do texto: T264612