Amizade de Neve

Boneco de neve da cor da pureza

Com asas de sonho que aclamam a paz

Voa com suavidade da borboleta

Esquece com esperança e serenidade

As manchas do sangue da real dureza

Que em tempo de guerra te fizeram doar

Lembranças eternas de um doce lacrimejar

Suave algodão com gosto de mel

Com cheiro de oração eleva ao céu

Em jeito de prece que sem prece não trouxe

O desejo faminto de um pobre rosto

Nas ondas do mar cansado de revolver

A aspereza da areia e a rudeza das pedras

Encontra a sereia com voz de anjo

Que entoa o cântico que o coração apregoa

Como forma de afecto ou mágica inspiração

Obséquio de um tempo que encanta o coração

Corres as ruas, mas não te deram pés

Observas o mundo, sem te terem oferecido olhos

Vês para além do que o comum mortal vê

És feito de neve, mas preenchido de encanto

E o teu maior desgosto é congelares o tanto

Que mora na fogueira que alimentas com garra

Para que o frio tão gélido, tão absurdo

Não te roube o alento desse desalento

Que trazes por dentro dos flocos macios

Absurdos de frio repletos de Saudade

A única forma que queima o teu espírito

De uma invariável dignidade

Boneco de neve que brilhas com o sol

Que derretes por ausências e doentes discussões

Que não entendes o porquê dessa solidão

Porque apesar de gelado tu és dotado

Da mais bela das intenções

E mesmo vazio de tudo o que te espanta

Tu és o tanto que cobre a lacuna

De um imenso abismo

Que cercaste de afectos e emoções

Que o vento atiça em cada labareda

Em forma de poesia

Em pinceladas de magia

Que cobrem o teu doce deserto

Sonya
Enviado por Sonya em 29/10/2006
Reeditado em 29/07/2008
Código do texto: T276618
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