Um Mimo de Cigana

Um metro e sessenta, aproximadamente,

Postura de cabrocha, um perfilar que encanta...

Um olhar que olha debochadamente...

É a mulher trigueira que passa e alevanta,

Em pares, os olhares, que dantes vagos,

Agora, em afagos, cálidos e esperançosos.

É a cigana que avança desdenhosa...

De passos soltos, saltos ousados,

Que chamam atenção, quando passa manhosa.

Não se atrevem, as vozes, assustá-la...

Nem convocá-la ao diálogo pousado

São tantos frêmitos... mas que se calam

Porque uma cigana não é vassala!

Temos todos que reverenciá-la,

No quarto, no leito, ou na anti-sala.

E eu, um pássaro madrugador,

Sou réu e pobre admirador

Dos seus méritos e dotes angelicais

E de suas formas transcendentais.

Por isso, busco uma fórmula

De torná-la um monumento

E tirá-la do pensamento...

Mas, por ser da pequena póvoa

Na Roma dos meus passados,

Da Planície e dos alagados,

Timidamente lhe chamo: Doutor...

Mas, se isso ainda não presta,

Dou-lhe esse mimo... minha mestra!

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 02/06/2011
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T3010328
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