Fosse bom...
A Bernardo Silva
Dispersas de ti a honrosa luxúria intelectual
na autenticidade sábia do simples:
“Cada cabeça é um mundo em extinção”
Bem verdade, meu amigo Berna. Tu tão leve
passas inteligentemente impregnado de sorrisos
aliviados e breves conversas roucas.
Fosse bom apaixonar a dor seria prêmio
Fosse bom o amor, desentender obviamente
não seria nada demais. Porque sempre haverá divergências.
É alerta que os livros causam precipitações
internas. Bem percebi o quanto nada te atormentas,
meu amigo Berna, tua beleza é clara
chama viva afoita feito chuva e neve.
Caminhar sobre essas ruas servem para
não se abster das pedras, mas refazer memórias...
imprevisto foi apagar antigos amores,
choros sem consolos, dores sem porquês
Agora me faz falta o domínio dos outros
Fosse bom sentimentalizar não se fazia poesia
do sangue, seria vinho embebedar angústias.
A amizade há de conter o desejo, em pleno fim
poucos souberam que acabaria o mundo.
Fosse bom o inútil progresso, não fecharíamos os olhos
pensando noutras divindades.
É estado de alegria dispensar as legendas,
uma visão me sucedeu a tirania, são precisos flores
não mais algemas. Flores nascidas no asfalto,
no constante sorriso do amigo Berna.
Plantar jarros, depenar o sol, desprender a pele
fluir à noite sem violência ou medo.
É preciso suspender o medo na janela do vizinho
mas sem arranhar o vizinho.
É preciso, tá se vendo o quanto.
domingos ressacados de semanas,
apenas Berna, meu amado amigo,
sutilmente nos encanta.