Amizade...

Quanto tempo...

Vida passa tão depressa

Que se a pressa fosse fera

Nada mais me restaria...

A não ser uma certeza

De ser menos

Que queria...

Fomos criados juntos,

Absurdamente, sem juízo.

Fruta, quintal, arame farpado.

Corte e cicatriz

Valiam a podre fruta

Que escorria pelos lábios...

Rio, corredeiras, lambaris, bagres, piaus

A vida se mostra um anzol.

O sol queimando lento,

Banho de cachoeira,

Xistose e lombriga.

Até icterícia, chá de picão, chá da saudade...

Primeiro amor,

Primeiro não,

Primeiro porre,

No corre corre,

Ressaca à vista.

Cidade grande,

Capital...

Estudos que me levaram

E deixaram-te por aqui.

Mãos calejadas, terra arada, suada e lagrimada,

As mãos lisas, sem calo, estudos... Logaritmos, gráficos e função exponencial.

Pôneis, cavalos, rumos diversos...

Cachaça, aguardente, morena...

Sífilis e gonorréia...

A platéia se espanta

Na confusão do paletó largado no chão

Jogado no bar,

A roupa rasgada, cheiro de suor.

A sinuca, a vida é uma sinuca!

E de bico!

Cala o Bico Mariquinha que a saudade é toda

Minha e a vontade é de viver...