AMIGO
Abri a porta do meu inconsciente,
Dei o primeiro passo,
Em seguida, o segundo;
Fechei a porta e, de repente,
Deparei o meu recôndito mundo;
Uma confusão de imagens,
Olhares gelados, sem expressão;
Uma mistura de linguagens,
Palavras vazias, sem emoção;
Senti a ausência do meu abraço!
Retratos dos dias em que menti
Para a minha consciência;
Crendo ganhar, por certo perdi,
Negando-me complacência...
Memória de tudo o que fiz
Com o que fizeram comigo!
Parei, então, e pensei:
É por causa dela, copiosamente dela,
Que me sinto infeliz,
Desordenado, sem norte, nem sul,
No abismo nebuloso e infinito
Que delimita o ser e o não ser;
Mas o céu estava tão bonito,
Vestido com seu manto azul...
Não era hora de morrer!
Antes de sair, olhei para ela,
Para aquela chorosa morbidez;
Só que, dessa vez,
Eu fui meu amigo,
E me perdoei!