No dia em que eu morrer

No dia em que eu morrer

Jorge Linhaça

No dia em que eu morrer

Quem chorar não sabe quem sou eu

Quem rir é porque jamais me conheceu

Quem sorrir é porque me entendeu

Lágrimas furtivas de saudade podem brotar

Mas não o choro de uma perda sem sentido

Risos das venturas e desventuras

(sim, porque as desventuras também tem seu lado cômico)

Serão por mim ecoados lá do outro lado

Mas os risos do deboche são para quem nunca viveu,

Pra quem jamais realmente me compreendeu

Agora, os sorrisos, esses sim, são para poucos,

Para os poucos que compreendem que, em algum lugar,

Continuarei a ser eu mesmo, talvez melhorado,

E que meu trabalho jamais terá terminado.

Alguns dirão: “Descansou das agruras”

Outros falarão: “Nos livramos da amargura”

Ainda alguém dirá: “Que o recebam nas alturas!”

Mas apenas uns poucos, poderão sussurrar:

“Até breve, velho amigo!”