CORAÇÃO NAVEGANTE

NAVEGANTE CORAÇÃO

Jorge Linhaça

As gotas, salgadas, d'água fustigam meus rosto.

A quilha corta as águas do mar sem dificuldade.

Meus pés permanecem fixos

sobre o tombadilho, a postos...

Fecho meus olhos:

Navego lembranças que não são minhas,

trazidas no sangue lusitano que me percorre as veias.

( Memórias genéticas dos antepassados, impressas no mapa do meu DNA.)

Aproximo-me d'uma ilha:

Sinto-me qual um antigo descobridor a desbravar novas terras, desconhecidas.

Sinto o chamar do meu sangue a tempos remotos,

perdidos nas brumas das memórias, há muito, esquecidas.

(Que me assolam, qual um vírus recém (re)descoberto.)

Sou navegante de minhas emoções,

a singrar mares nunca dantes navegados por mim.

Sou pirata, sou marujo, sou grumete e capitão,

aventureiro a desbravar esse mar sem fim.

Sou atalaia no alto da gávea,

a perscrutar o horizonte adiante.

Sou argonauta encantado pelas águas;

Buscado o velo de ouro em terras distantes...

Nas águas do mar sepulto minhas mágoas

Sou apenas mais um.... coração navegante.