Bailarina
borboleta pousou no meu dedo
ou talvez fosse flor
o vento trouxe...
fossem asas, fossem pétalas
me chegou sorrindo
cantarolando
trazendo primavera de cores que eu nem sabia
fez samba no dedo
fez festa
e ficou.
abri a manhã dos olhos e tinha ela
bailando no raio do sol
pensei, como podia
criaturinha intrigante
sempre ali.
vinha a chuva e eu pensava,
ela não vem.
ela vinha.
vinha escorregando pela chuva dos pingos
agarrada ao arco-íris da nuvem
me molhava de beijos molhados
e flutuava no molhado do céu.
seguiram semanas e horas e o tempo escorreu
a terra mudou de posição
a tarde não se põe mais no meu céu
daí pensei... hoje ela não vem.
ela veio.
um dia o mundo se apagou
o relógio tropeçou
deus não acordou
era só cinza lá fora
pensei...
ela não vem.
...ela veio.
e veio.
e veio.
borboleteou saltitante em todos os meus dias
floreou de multicor os caminhos
harmonizou os desequilíbrios
desalinhou a chatice da certeza
e por onde passou se fez sorriso.