QUIETUDE DA AMIZADE

E no correr desenfreado dos ponteiros

De um tão soberbo e apressado relógio

Vêm-se os dias atropelando-se ligeiros

Carregando dos amigos a presença que, a contragosto, me despojo

E no emaranhado de um sem número de afazeres

De um período caloroso e conturbado

Pelas mudanças salutares em que me vejo

Recebo um convite tão querido e esperado

Teremos o nosso novo sarau, disse ele

E veio dizer-se em meio a ferramentas e boa vontade

Ajudando-me na mudança e na bagunça de um apartamento vazio ainda

Lembrando-me o quão senil já estava a minha saudade

Senil pelo longo tempo que essa saudade cá já se encontrava

E meu peito, ocupado com as passadas do dia-dia,

Pesava estranho e, com alguma dificuldade, batia

Sem se aperceber que era a quietude da nossa amizade que lhe faltava

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OBS: Sobre a saudade de um grande amigo, e a turbulência dos afazeres que algumas vezes atropelam os nossos encontros.

Érica Cinara Santos
Enviado por Érica Cinara Santos em 07/01/2015
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