Memórias da presença
Definham de pesar promíscuo
Pela ausência que lhes é profícua
Ó saudade que és inconspìcua
Poder sentir falta, já é conspícuo
Corações, deem-se por satisfeitos
Por terem quem vos admirem os feitos
E a memória desses ferir vos os peitos
Afinal, ganharam seus exigentes respeitos
Se os amados legaram-vos as distâncias
É porque a vós confiaram suas existências
Não deixeis cair em tentação a lealdade
Há quem não tem por quem sentir saudade
É verdade que não existe a saudade
Há apenas, nosso ego hirto de vaidade
Se tudo que amamos
No peito abraçamos
Não há saudade, há sim, a ambição
Que é o fruto da nossa insatisfação.