LÍDIMO ABRAÇO
Ao te encontrar
com aquela expectativa e movidos de tamanha emotividade,
nos abraçamos.
Foi magnífico e duradouro,
uma ligação física, de pueril desejo e de tanta intimidade, como que de alma.
Nos desabraçamos no corpo, mas permanecemos abraçados enquanto nos despedíamos.
Ao deixarmos o encontro, quisemos outra vez aquele abraço.
Impossível.
Pois da próxima vez nossos corpos não estarão mais no mesmo lugar,
nem que calculássemos milimetricamente o espaço geográfico.
pois na verdade flutuamos para um lugar incalculável e que nunca mais será o mesmo.
Ao deixarmos o encontro, quisemos outra vez aquele abraço.
Inviável.
Porque aqueles sentimentos não mais sentiremos outra vez; ficarão mais firmes e ladino.
Mais intensos, mais belos, mais apreciáveis, mais nossos.
Aquele amor, mais amável, num degradê mais palpável.
Ao deixarmos o encontro, quisemos outra vez aquele abraço.
irrealizável.
Destarte que nossos olhos não verão mais o que viram.
Nem que fotografássemos e reproduzíssemos as cenas como num filme hollywoodiano.
Te verei com outro brilho, com outro encanto, por outros cantos, num outro enquanto.
Ao deixarmos o encontro, quisemos outra vez aquele abraço.
Irremediável.
De sorte que minha memória já o guardou num cantinho insubstituível, intocável.
Sim, o tornou único. Único!
Com a extraordinária certeza de que poderão vir outros, em novos lugares, novos amores, outros olhares; mais longos e até mais calorosos.
E mesmo que eu tenha para sempre os teus braços; por toda vida lembrar-me-ei e desejarei: “aquele abraço”.