O resgate de uma amizade

Em tempos imemoriais à humana cronologia

Éramos amigos-irmãos que na terra dos desertos e do fogo

Praticávamos a misteriosa e divina arte da Magia

E procurando agradar ao Mestre fazíamos nosso jogo.

Passou-se o tempo e pelo ego guiado segui adiante

Ferindo-te fundo na carne em uma contenda

Cuja vitória nada me trouxe de brilhante

Pois meus olhos estavam fechados por ambiciosa venda.

Séculos depois, resgatado pela dádiva da reencarnação

Reencontrei-te em diferente plano da Existência

Eu, preso a mais uma terrena e material experiência

E tu, em espírito a buscar vingança e relutante ao perdão.

Mágoas não guardo por querer-me o padecimento

Pois fui aquele que te abandonou à própria sorte

O tempo, deste tempo, já me trouxe o esquecimento

Porém, precisamos, ambos, de um novo norte.

Tu porque a alma é corroída pela sede de vingança

E eu porque preciso acertar as contas com a Vida

E porque a consciência do erro deu-me a esperança

De que o teu perdão não me deixará a existência perdida.

Reconheço como justo, em perdoar-me o teu receio

E não irei impor-te a minha egoística vontade

Mas preciso que aceites guiar-me pelo espiritual meio

Para que possamos resgatar nossa atemporal amizade.

Cícero – 21-12-2018

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 23/12/2018
Código do texto: T6533829
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.