Rio

Curvas de turbulência.

Dor em todas pedra.

Margens que contam estórias

E encantam cidades.

Águas turvas e barulhentas,

Gratuitas até sangrarem.

Espumas que protestam,

Completando manhãs e tardes.

Pontes de ferro e tempo.

Casas de gente pobre.

Homens que fumam estilo,

E tragam tranqüilidade.

Tudo vira correnteza:

Galho seco, mato verde e plástico.

Menos o reflexo da noite,

No poste de eletricidade.

Trem que passa apitando

Amigos que brindam canto e conversa

Meninas sentadas no barranco

Descobrindo os segredos da mocidade.

Tudo é bonito à beira do rio:

Gente que pesca sossego;

Moleque que perde o brinquedo;

Pássaros e flores de gratuidade.

Nele nada se esconde

Até o pequeno arbusto se revela

Rio que inspira beleza

Enche de poesia a amizade.

O belo que se faz água.

Água que se faz vida.

Vida que se faz alegria,

No rio que já se faz saudade...

Mauro José Ramos
Enviado por Mauro José Ramos em 05/10/2007
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