Lá se vai a amiga
As caixas de papelão e a fita adesiva
O guarda roupa que aos poucos se esvazia
O cd e a saudade
Olho e não ofereço ajuda
Recebo sem troca o medalhão azul que contemplei em uma de nossas conversas animadas
Pelo desfile de roupas e óculos escuros
No quarto adornado com seu glamour próprio
Exibido, elegante e sóbrio
O primeiro dia com pulseiras pretas e cabelo avermelhado
As bolas coloridas roubadas no bar da esquina
A sandália 34 e a pele amarelada
O salto alto e o teatro
As peças e as piadas
As fotografias
Critica e discreta
Inteligente e determinada
Fugitiva do sol
Misteriosa como a Lua
Fria como as águas de uma cachoeira noturna
Que ressuscita e purifica quem em suas selvas se aventura
Acolhendo em seu peito quem em seus braços se aconchega
E mostrando os caninos ao inimigo que se aproxima
A ferroada à palavra mal educada
E a indiferença aos pobres de espírito
Sua classe e seu jeito ficarão para sempre no ar
Como a fragrância do perfume que nunca acaba
Tendo deixado o vidro vazio para trás